segunda-feira, 18 de junho de 2012

Abraçando o compromisso social




     Num momento em que estudávamos e refletíamos sobre o compromisso social que o psicólogo tem e as competências necessárias ao seu trabalho, me deparo novamente com a entrevista de Debora Noal, psicóloga que se preparava para a 10ª missão pelo Médicos sem Fronteiras.
     Compartilho aqui dois pedaços que me tocaram de forma especial:

É terrível e lindo ao mesmo tempo. Como você sai de uma missão como essa? Como você vive depois de ter vivido isso?
Debora –
Eu saí arrasada. Caramba, não fiz nada por essas pessoas. Tinha muita coisa que precisava ter sido feita. Elas precisam de paz. Não existe saúde, não existe felicidade num lugar onde você não tem paz, o princípio básico da humanidade. Na época eu trabalhava com a seção belga. Então, cheguei à Bélgica muito mal. Fui fazer meu relatório e contei sobre o número de pessoas que estavam sendo violentadas. Disse que a gente precisava fazer alguma coisa. E falei: “Eu estou mal porque não me importo de passar a minha vida inteira atendendo essas pessoas em forte sofrimento, mas eu me importo de saber que amanhã, depois de amanhã, e depois e depois e depois elas vão continuar sofrendo esse mesmo tipo de violência se isso não parar. Agora a primeira necessidade é uma equipe de paz. Como fazer isso?”.
E como fazer?
Debora –
Nós temos jornalistas dentro da organização. Temos um compromisso com a denúncia quando existe qualquer tipo de ferimento aos Direitos Humanos. Me encaminharam para o serviço de comunicação e falaram: “A gente vai fazer alguma coisa”. Eu saí de lá, e os jornalistas foram. E fizeram reportagens e documentários. Divulgaram. Um ano e pouco depois, em 2010, eu voltei para lá. Normalmente depois de um estupro, no Congo, uma mulher não pode mais casar. Não tem mais o direito de casar porque ela não é mais virgem e porque ela já teve a sua primeira experiência. Então ela é alguém que está “suja”. E um dos trabalhos era mostrar para os homens e a comunidade que não, ela não estava suja. E que era preciso rever algumas estruturas da cultura. E, quando voltei, eu perguntei: “Onde está o meu grupo?”. E a resposta foi: “Todas casaram”. E elas vinham à minha sala de consulta mostrar seus bebezinhos, apresentar o marido, os sogros. Vinham com a família inteira. Eu falei: “Gente, não acredito!”.


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Como é para você esse contato com o mal humano? Esses homens que queimam, mutilam, estupram e matam sem sequer conhecer. Nem mesmo é pessoal. Como você lida com isso?
Debora –
Eu sempre acho que tudo tem uma razão, um significado. Por mais que a gente não entenda. Eu imagino que mesmo essas pessoas têm dentro da cabeça delas uma razão. Estou entrando no meu terceiro ano de MSF e ainda não consegui entender essa estrutura de maldade. Se me falarem: “Você precisa fazer um atendimento de uma pessoa do LRA”. Eu vou fazer. E vou tentar entender com ele o que está acontecendo e como se estrutura isso. Eu até brinquei uma vez com meu chefe. Eu falei: “Me deixa fazer o atendimento deles. Eu preciso entender o que está acontecendo”. Não consigo entender como alguém consegue fazer isso com uma menina de 11, 12, 13 anos. Ainda para mim é incompreensível. Mas eu gostaria de entender. Eu sempre acho que tem, sim, uma razão, que tem uma história atrás disso, e que talvez isso explique. Que não justifica, não justifica. Você pode me contar 100 mil histórias. Eu acho que isso explica, sim, mas não justifica. Mas... ok. O meu trabalho é este: atender as pessoas que ali chegam. Não importa de que lado que elas vêm, não importa que tipo de acontecimento se passa na vida delas ou se passou. O meu trabalho é aliviar o sofrimento humano, seja ele de onde venha, seja ele a cor que tenha. E dá para fazer isso. É a razão de eu continuar. Porque se eu achasse que não dava para diminuir o sofrimento, que não dava para ajudar as pessoas a escolherem novas estratégias de felicidade para a vida, talvez eu não estaria nesse lugar. De todos essas nove missões, eu não me lembro de alguém dizer: “Eu não encontrei uma razão para viver”. Muitas pessoas, principalmente no Haiti, diziam: “Eu não quero mais viver”. Na África, já é mais difícil você encontrar essa fala. Eles dizem: “Eu não tenho nenhuma razão para viver”. Mas estão lá, com aquele olhar do tipo: “Mas me ajuda a encontrar?”. Me ajuda a fazer a metamorfose desse sofrimento em vida mesmo, em felicidade? E às vezes a felicidade pode ser um grupo de dança, pode ser uma caminhada coletiva em algum lugar, pode ser um abraço... Como uma mulher de 70 anos me disse uma vez: “Nunca ninguém me abraçou”. Ela tinha sido estuprada e seu corpo era todo arqueado, enrijecido. Em cada lugar o estupro tem um significado diferente e, para aquela etnia, violentar uma mulher mais velha conferia poder ao estuprador. Então eu a abracei. O afeto pode, sim, fazer uma grande diferença. Eu não vou mudar o mundo, com toda certeza, mas eu posso mudar o mundo de uma pessoa durante algum tempo que pode ser uma hora, duas horas, 24 horas. Tá bom, sabe? Se todo mundo tiver uma hora, ao menos, de intensa felicidade, um sentimento bom de acolhimento, tá bom. É suficiente. Se em 70 anos ela nunca recebeu um abraço, por que eu não posso fazer uma grande diferença com um abraço, com um toque? 
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Arquivo/MSF
     São só duas partezinhas aqui, mas o depoimento inteiro dela é belíssimo, assutador e extremamente motivador! Enfim, para quem tiver um tempinho vale muito a pena conferir  a entrevista inteira. O link para quem quiser é este: Minhas Raízes São Aéreas.





Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante! - Paulo Freire

terça-feira, 12 de junho de 2012

Só mais um tijolo no muro?!


"When we grew up and went to school
There were certain teachers who would
Hurt the children in any way they could
By pouring their derision
Upon anything we did
And exposing every weakness
However carefully hidden by the kids"

"We don't need no education
We dont need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teachers! Leave them kids alone!
All in all it's just another brick in the wall.
All in all you're just another brick in the wall."


     Faço hoje uma simples e incompleta interpretação da música "Another Brick in the Wall" da banda Pink Floyd. Essa música, sua letra e seu vídeo clipe me suscintam uma série de reflexões tais como: a percepção dos alunos quanto a relação com os professores e suas explicações para tanto, a questão de a escola muitas vezes estar aí para formar alunos todos dentro de um mesmo molde, e o chamado para uma reflexão crítica e não passiva dos acontecimentos, teorias e afins.

     Inicialmente, a letra da música chama a atenção para as relações ruins estabelecidas entre alguns professores e determinados alunos: "There were certain teachers who would hurt the children in any way they could (...)". Acho que não preciso me deter muito nesta questão, visto que já falei bastante dela em outras postagens, mas fica a dica para uma reflexão neste sentido a partir da letra da música.
     Um dos momentos mais significativos do vídeo da música é quando as crianças, em filas organizadas vão marchando e sendo conduzidas até caírem numa máquina de moer e o que sai é apenas carne moída. Toda a individualidade e possibilidade de questionamentos e de exposição de perspectivas diferentes foram tolhidas, o que sobrou foi apenas uma massa homogênea, que obedece aos padrões estabelecidos pelo operador da máquina. E talvez seja exatamente essa a imagem que muitas escolas, infelizmente, ainda hoje têm. A criação de modelos ideais, conteúdos que são "jogados" aos alunos, e que são exigidos da mesma maneira para todos, tem como finalidade que todos saiam com a mesma bagagem de aprendizagens, que sejam idênticas. E ok, do ponto de vista da democratização da educação isso é lindo, no entanto o que ocorre é a desvalorização da diferença e da individualidade e isso abre margem para a discriminação daqueles que não atendem aos padrões esperados.
     Por fim, há o chamado para o pensamento crítico. Afinal, o que é ser apenas mais um tijolinho num muro?! O que é ser parte de uma massa moída?!
     E o que é não ser outro tijolo no muro ou parte da massa?! É abraçar a sua individualidade, é poder ver as coisas em um plano mais amplo, saber diferenciar discursos e ações, não aceitar regras ou acontecimentos apenas por fazerem parte da dita norma social, é pensar por si, é transpor os limites das palavras ditas/escritas...
     Enfim, não sejamos mais tijolinhos num muro qualquer!


"Seja a mudança que você quer ver no mundo." - Dalai Lama

segunda-feira, 23 de abril de 2012

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

        Quem aqui nunca leu ou ouviu falar do Pequeno Príncipe?! Se nunca ouviu falar, recomendo a leitura.
        O interessante das leituras infantis é que elas conseguem trabalhar o que nós temos já naturalizado (encarado como normal, mas que muitas vezes não é ou não deveria ser) de uma maneira "absurda", de maneira a desconstruir todo nosso pensamento estabelecido, nos fazendo refletir sobre como as coisas são de fato e nos questionarmos do seu motivo de ser.
        Com o livro de Antoine de Saint-Exupéry não é diferente. Tive contato com o Pequeno Príncipe apenas recentemente, e resolvi folheá-lo para ver se achava algo que pudesse gerar reflexão sobre o contexto escolar. E não é que eu achei uma porção de passagens?!
        Bem, vamos direto ao que interessa. Transcrevi as passagens que mais me chamaram a atenção, e em seguida faço minhas interpretações.



        "Mostrei minha obra-prima às pessoas grandes e perguntei se o meu desenho lhes dava medo.
        Responderam-me: 'Por que um chapéu daria medo?'
       Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma jiboia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jiboia, a fim de que as pessoas grandes pudessem entender melhor. Elas têm sempre necessidade de explicações detalhadas. Meu desenho número 2 era assim:
        As pessoas grandes aconselharam-me a deixar de lado os desenhos de jiboias abertas ou fechadas e a dedicar-me de preferência à geografia, à história, à matemática, à gramática. Foi assim que abandonei, aos seis anos, uma promissora carreira de pintor. Fora desencorajado pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, ficar toda hora explicando... "

        Acho essa parte muito significativa para ilustrar muitas situações percebidas nas escolas, em que a individualidade e subjetividade das crianças são desconsideradas. Outra questão, que desnaturaliza nosso fazer, é o fato de só matérias como matemática, gramática, geografia e história serem as mais valorizadas nas escolas, sem grande espaço para disciplinas como artes (visuais, cênicas, música...), filosofia... (aquelas que não pesam tanto nos vestibulares).  O que é uma pena, não estamos incentivando a criatividade, o pensamento crítico...



        "Ele fizera, na época, uma grande demonstração da sua descoberta, num congresso internacional de astronomia. Mas ninguém lhe dera crédito, por causa das roupas típicas que usava. As pessoas grandes são assim.
        Felizmente para a reputação do asteroide B 612, um ditador turco obrigou o povo, sob pena de morte, a vestir-se à moda europeia. O astrônomo repetiu sua demonstração em 1920, vestido numa elegante casaca. Então, dessa vez, todo mundo acreditou."

         Esse trecho me faz pensar bastante nos nossos preconceitos, e como eles afetam a vida acadêmica de muita gente. As profecias autorrealizadoras, o racismos, o machismos, e tantos outros preconceitos... importa mais a aparência que a essência (e isso, infelizmente, não se restringe apenas ao ambiente educacional).


         "O primeiro era habitado por um rei. O rei sentava-se, vestido de púrpura e arminho, num trono muito simples, embora majestoso.
         - Ah! Eis um súdito! - exclamou o rei ao ver o visitante.
         (...) Ficou, então, de pé. Mas, como estava cansado, bocejou.
         - É contra a etiqueta bocejar na frente do rei - disse o monarca. - Eu o proíbo.
         - Não posso evitar - disse o principezinho, sem jeito. - Fiz uma longa viagem e não dormi ainda...
        - Então - disse o rei - eu te ordeno que bocejes. Há anos que não vejo ninguém bocejar! os bocejos são uma raridade para mim. Vamos, boceja! É uma ordem!
         - Isso me intimida... Assim eu não consigo... - disse o pequeno príncipe, enrubescido.
         - Hum! Hum! - respondeu o rei. - Então... então eu te ordeno que ora bocejares e ora...
         Ele gaguejava um pouco e parecia envergonhado. Porque o rei fazia questão de que sua autoridade fosse respeitada. Não tolerava desobediência. Era um monarca absoluto. Mas, como era muito bom, dava ordens razoáveis."

         Acho essa passagem muito interessante para pensarmos a necessidade de alguns educadores (quer sejam professores, pais, qualquer educador) em manter sua posição hierárquica de poder, de autoridade máxima na sala de aula. Muitas vezes isto leva a uma série de "pedidos" que não fazem o menor sentido para a situação... e desgasta a relação professor-aluno. É importante o professor ter autoridade, mas ser autoritário são outros 500. Acho que o legal da sala de aula é a troca e construção de experiências. A aprendizagem dos limites, das capacidades, das potencialidades... e isso só é possível se for permitida certa autonomia e liberdade criativa fora do autoritarismo dos professores. Com o exercício da democracia.





         "- Bom dia. Por que acabas de apagar o teu lampião?
         - É o regulamento - respondeu o acendedor. - Bom dia.
         - Qual é o regulamento?
         - É apagar meu lampião. Boa noite.
         E tornou a acender.
         - Mas por que acabas de acendê-lo de novo?
         - É o regulamento - respondeu o acendedor.
         - Eu não compreendo - disse o príncipe.
        - Não é para compreender - disse o acendedor. - Regulamento é regulamento. Bom dia.
         E apagou o lampião.
         Em seguida enxugou a testa num lenço xadrez vermelho.
         - Eu executo uma tarefa terrível. No passado, era mais sensato. Apagava de manhã e acendia à noite. Tinha o resto do dia para descansar e toda noite para dormir...
         - E depois mudou o regulamento?
        - O regulamento não mudou - disso o acendedor. - Aí é que está o problema! O planeta a cada ano gira mais depressa, e o regulamento não muda!"

        O mundo e a sociedade está em constante transformação: novas tecnologias são criadas, novos conhecimentos descobertos, novas necessidades e formas de se viver aparecem. No entanto, os regulamentos, as normas, as leis, são as mesmas de muito tempo atrás e já não conseguem abarcar toda essa novidade. E não é diferente na educação. Há muitas regras e normas que "caducaram" e que impedem o desenvolvimento pleno no campo educacional, assim como uma série de burocracias que só atrasam a vida de estudantes, professores e demais funcionários.



         "Que quer dizer 'cativar'?
         - É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. - Significa 'criar laços'...
         - Criar laços?
        - Exatamente - disse a raposa. - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..."

        Este é, provavelmente, o trecho mais conhecido de "O Pequeno Príncipe" e acho-o interessante para se pensar a relação que se estabelece entre o professor e seus alunos. Que tipo de transmissão de conhecimento ou que tipo de relação será estabelecida entre um professor e sua turma se não houver interesse mútuo entre eles? Como pode alguém querer ensinar alguma coisa, se não houver um mínimo de empatia com seu discípulo? Como pode alguém aprender algo, se não houver um mínimo de identifação com seu mestre? Considero ser necessário, antes de se passar qualquer conteúdo, que professores e alunos estabeleçam uma relação harmoniosa, de compreensão mútua e empatia, uma relação, que se não de "amizade", que seja de companheirismo, de cooperação.


"Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante."
" Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos." - Antoine de Saint-Exupéry (O Pequeno Príncipe)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Fardo da Leitura na Contemporaneidade



        Gostaria de compartilhar aqui um texto de um amigo (blog dele).
O texto dele me fez pensar bastante sobre como a leitura é encarada muitas vezes por aqueles que tem o seu domínio. Quantas vezes já não escutamos um "ah, eu não gosto de ler", se referindo a livros e afins. Infelizmente, acho que nas escolas tem-se passado muito mais a ideia da obrigação da leitura que do prazer da leitura...
        Lembro de ter lido em algum lugar que atualmente temos uma população que lê cada vez mais, o ensino dessa habilidade está mais difundido, os meios de comunicação (principalmente a internet) tem auxiliado para que a população leia mais e mais. No entanto, mesmo com o aumento da leitura em quantidade, perde-se a leitura de qualidade de conteúdo (ok, leitura de "qualidade" é um conceito relativo, dependendo dos gostos de cada um, mas leia o texto abaixo e entenda o que eu quero dizer). 
       

Crianças São Mais Felizes

Então, vou contar uma história.

Eu sumi da internet por 3 dias e quando voltei, A Luisa tava no Canadá, eu tava pensando - Que porcaria é essa que todo mundo tá falando? Eu não vou explicar aqui, porque vocês souberam disso antes mesmo de mim. Bom, essa maldição foi criando asa até que a bendita da Luisa voltou daquele "zero a esquerda" que é o Canadá. E a classe virtual de idiotas começou mais um leque de piadas com esse jargão fajuto. Essa é só mais  uma dentre várias barbaridades encontradas nas redes sociais.

Hoje eu descobri que a bendita da Luisa tá cobrando R$ 15000 (quize mil reais) para comparecer em eventos sociais. Aí, como de costume, uma escuridão tomou conta do meu ser ao ler tamanha paspalhice. E enquanto me lamentava eu pensei em um texto que eu li uma vez em uma revista sobre literatura que dizia a seguinte mensagem: Ler não presta.

Não entendeu? Vou explicar. Todo mundo sabe (bom, todo mundo que lê sabe) que ler traz conhecimento. E conhecer as coisas é bom, idependente do que seja: livros, quadrinhos, pesquisas, legendas etc. Agora, o ruim é que ninguém te avisa a droga que é ler hoje em dia. Se você for julgar a quantidade de material produtivo que você lê por dia, tenho certeza que não vai passar dos 40%.

Ao ler uma notícia, você fica de mau humor. E acontece a mesma coisa ao ler um título de uma música pop, uma capa de revista na banca, um comentário nas redes sociais. Isso vai te corroendo porque você sabe que aquilo é muito baixo-escalão para humanidade. E alguém teve de escrever isso porque isso aconteceu!

O ruim de aprender a ler é que você lê tudo aquilo que você consegue entender, mesmo que não entenda o que leu. Ao aprender a ler hoje em dia, você está sujeito a ler coisas nada saudáveis como Luisa cobra 15 mil para aparecer em eventos,  ou BBB é sucesso no Twitter e no Face(book). E isso me deixa ainda mais chateado. Por quê?

Pensa no futuro de uma sociedade que é obrigada a ler tais atrocidades só porque dedicou 10 segundos à última atualização do amigo virtual. Entendeu a tristeza?

É por isso que eu acho lindo ser criança. É lindo ser criança porque você não está sujeito a tais frases, muito menos tem capacidade mental para argumentar sobre. A preocupação da criança é comer, dormir. E o dever dela é comer, dormir e rir, porque é muito bom ver crianças rindo por aí. E sabe porque criança ri? Porque ou elas não sabem ler, ou elas estão lendo Turma da Mônica, e se forem criadas nos meus moldes, a Ultra Jovem e Dragon Ball também.

Agora vocês jovens, adultos e idosos, sacaram o motivo de ficarem tristes de vez em quando? Culpa daqueles que te ensinaram a interpretar esse texto todinho, e muitas coisas mais.

Falou!o/
@blackwind1 

P.S.: Eu sei que o certo é Luiza, o nome da bendita lá! Coloquei com s só pra mostrar o meu desprezo infantil mesmo.



É isso, galera. Algo que deveria servir para nossa libertação, está hoje nos prendendo a tais mesquinharias...
Enfim, fica a reflexão, pra concordar, pra discordar, pra se pensar!

"A leitura deve ser para o espírito, como o alimento para o corpo, moderada, saudável e digerível." - François Fénelon