Muito se critica atualmente que a
instituição educacional é um mundo a parte do todo da sociedade. É uma mini
sociedade, mas que seus muros/grades tiram o contato direto com o "mundo
de fora", que é um ambiente protegido e controlado. Hoje me vi
questionando, e muito, tal crítica. Sim, tudo bem, muitas vezes nos perdemos no
mundo dos livros, dos teóricos e das fórmulas e esquecemos de como isso pode se
aplicar no nosso cotidiano. Mas a reflexão que faço hoje tem um outro viés: o
da segurança e violência.
As
aulas hoje na UnB foram canceladas devido a uma renovação das ameaças aos
estudantes das humanas. As informações voaram e o clima de medo estava
instaurado. Afinal de contas, quem pode prever se e quando as ameaças serão
cumpridas?! Melhor prevenir a remediar, até porque não se mede o valor de
vidas.
Nisto,
me questiono sobre como anda o ambiente educacional e das escolas atualmente.
Desde o atentado em Columbine os casos de massacres em escolas tem sido notícia
crescente no mundo inteiro. E o Brasil, que parecia ser um país pacífico, sem
problemas de terrorismo deste porte, desde o caso em Realengo se vê correndo
atrás dos prejuízos. O clima de violência nas escolas, universidades e cia. só
parece aumentar. E não são apenas essas ameaças externas, que por suas
proporções chocam e nos enchem de temor e de vontade de achar uma solução, somos
levados a pensar também em violências de proporção aparentemente menor.
São
casos de gangues nas escolas, violência contra os professores (que se veem
acuados e não sabem como "controlar" a turma para transmitir seu
conhecimento), violência psicológica e moral dos professores (que usam de autoritarismo
e táticas de humilhação contra seus alunos), violência entre os estudantes (o
famoso Bullying), violência institucional, questões de racismo e de
gênero, preconceito socioeconômico, as ditas profecias autorrealizadoras, e uma
série de outras violências, físicas, psicológicas e morais, que todos nós
conseguimos lembrar.
Em
particular, me vejo pensando sobre o tal do Bullying. Todos estes casos
"dignos" de ampla veiculação mediática estão de alguma forma linkados
com esta forma de violência moral. O que me leva ao questionamento: como
estamos educando nossas crianças, quer seja alunos, filhos, irmãos (ou que
exemplo estamos dando a crianças em nosso dia-a-dia, para quem acha que porque
não é pai ou professor não precisa pensar sobre esta questão)?! Que tipo de
cultura é essa que alimentamos que dita padrões tão rigorosos e exclui quem não
se adéqua em questões tão triviais como a aparência?! Que sociedade é essa que
não respeita o diferente?! Que gerações são essas que estamos criando, que desde
a mais tenra idade já está zoando coleguinhas por motivo algum, excluindo-os e
gerando tantos sentimentos negativos?! Como é que estamos criando pessoas tão
amarguradas e vingativas?!
Mais pontualmente, onde está a intervenção do Estado nestas situações
emergenciais?! Que tipo de estudantes e profissionais seremos se vivemos nessa
apreensão de um ato de violência generalizada se formos à Universidade?! Cadê
nosso direito de estudar com a devida segurança?!
Bem, este foi o desabafo de quem não teve aula hoje por causa dessa confusão...
"A educação desenvolve as
faculdades, mas não as cria." - Voltaire
"O que deve caracterizar a
juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a
diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu
caráter." - Sócrates
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