sexta-feira, 13 de abril de 2012

Aulas canceladas

        Muito se critica atualmente que a instituição educacional é um mundo a parte do todo da sociedade. É uma mini sociedade, mas que seus muros/grades tiram o contato direto com o "mundo de fora", que é um ambiente protegido e controlado. Hoje me vi questionando, e muito, tal crítica. Sim, tudo bem, muitas vezes nos perdemos no mundo dos livros, dos teóricos e das fórmulas e esquecemos de como isso pode se aplicar no nosso cotidiano. Mas a reflexão que faço hoje tem um outro viés: o da segurança e violência.
        As aulas hoje na UnB foram canceladas devido a uma renovação das ameaças aos estudantes das humanas. As informações voaram e o clima de medo estava instaurado. Afinal de contas, quem pode prever se e quando as ameaças serão cumpridas?! Melhor prevenir a remediar, até porque não se mede o valor de vidas.
        Nisto, me questiono sobre como anda o ambiente educacional e das escolas atualmente. Desde o atentado em Columbine os casos de massacres em escolas tem sido notícia crescente no mundo inteiro. E o Brasil, que parecia ser um país pacífico, sem problemas de terrorismo deste porte, desde o caso em Realengo se vê correndo atrás dos prejuízos. O clima de violência nas escolas, universidades e cia. só parece aumentar. E não são apenas essas ameaças externas, que por suas proporções chocam e nos enchem de temor e de vontade de achar uma solução, somos levados a pensar também em violências de proporção aparentemente menor.
        São casos de gangues nas escolas, violência contra os professores (que se veem acuados e não sabem como "controlar" a turma para transmitir seu conhecimento), violência psicológica e moral dos professores (que usam de autoritarismo e táticas de humilhação contra seus alunos), violência entre os estudantes (o famoso Bullying), violência institucional, questões de racismo e de gênero, preconceito socioeconômico, as ditas profecias autorrealizadoras, e uma série de outras violências, físicas, psicológicas e morais, que todos nós conseguimos lembrar.
        Em particular, me vejo pensando sobre o tal do Bullying. Todos estes casos "dignos" de ampla veiculação mediática estão de alguma forma linkados com esta forma de violência moral. O que me leva ao questionamento: como estamos educando nossas crianças, quer seja alunos, filhos, irmãos (ou que exemplo estamos dando a crianças em nosso dia-a-dia, para quem acha que porque não é pai ou professor não precisa pensar sobre esta questão)?! Que tipo de cultura é essa que alimentamos que dita padrões tão rigorosos e exclui quem não se adéqua em questões tão triviais como a aparência?! Que sociedade é essa que não respeita o diferente?! Que gerações são essas que estamos criando, que desde a mais tenra idade já está zoando coleguinhas por motivo algum, excluindo-os e gerando tantos sentimentos negativos?! Como é que estamos criando pessoas tão amarguradas e vingativas?!
         A escola (e a universidade!) não deveria ser lugar para o desenvolvimento da cidadania plena?! A extensão da educação que as crianças recebem em casa, dos pais, onde podem colocar em prática princípios morais de respeito, divisão, compreensão, amizade, etc.?! E onde a ética pode ser trabalhada?! O que é que estamos fazendo de errado?! Por que não temos mais controle sobre esse tipo de comportamento (de crianças, adolescentes, jovens, adultos, não importa)?! Que tipo de relações humanas queremos deixar para o futuro?!
            Mais pontualmente, onde está a intervenção do Estado nestas situações emergenciais?! Que tipo de estudantes e profissionais seremos se vivemos nessa apreensão de um ato de violência generalizada se formos à Universidade?! Cadê nosso direito de estudar com a devida segurança?!
         Bem, este foi o desabafo de quem não teve aula hoje por causa dessa confusão...


"A educação desenvolve as faculdades, mas não as cria." - Voltaire
"O que deve caracterizar a juventude é a modéstia, o pudor, o amor, a moderação, a dedicação, a diligência, a justiça, a educação. São estas as virtudes que devem formar o seu caráter." - Sócrates

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